Existiu um tempo, na minha fase de predador, em que omitia verdades e por vezes até era capaz de dizer alguma mentira para atingir os meus fins.
Não digo que era uma posição correcta, vista com os meus olhos de hoje, mas dava-me bem com a situação pois obtinha o que desejava.
Com o meu evoluir deixei de mentir e passei a dizer a verdade toda.
Mas curiosamente tive uma situação em que eventualmente não sei se fiz bem em ter contado a verdade toda e passo a explicar.
Passou-se à cerca de ano e meio ou mais, encontrei uma mulher e começamos a dialogar, sem ter pelo menos da minha parte, na altura, qualquer ideia em como é que a relação se poderia vir a desenrolar.
Mas começou a existir uma aproximação e uma certa atracção de um modo espontâneo.
Nessa altura decidi por as cartas na mesa.
E disse, sou casado, pelo menos por enquanto e existe alguém de quem eu gosto mesmo muito e se porventura essa pessoa me disser “vem” eu vou a correr como um cachorro a dar ao rabo de felicidade. Sabes que gosto de estar contigo e de conversar contigo mas não posso prometer mais do que posso dar. Para alem disso contei-lhe todo o meu passado.
Da parte dela foi assumida a situação e chegamos a vias de facto passado algum tempo.
Tudo foi decorrendo de acordo com as nossas disponibilidades, sem percalços e naturalmente.
Uns tempos depois tive umas questões profissionais que tive que resolver e que sabia que me iriam ocupar algum tempo e avisei que seria difícil um contacto durante algum tempo e que mesmo a comunicação não poderia ser tão amiúde como era.
Não foi preciso passar uma semana.
Recebi logo um mail a dizer que como tinha tido o que queria não queria saber mais dela.
Que eu não passava de um predador que só se satisfazia com a novidade.
Ou seja contei toda a verdade e fui acusado de algo que não tinha feito.
Eventualmente se tivesse omitido ou mentido não estaria a ouvir o que ouvi…
Por isso é tão relativa a verdade em certos casos.