quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Tríptico das relações

Escrevi a base deste texto à uns de quatro anos, e resolvi burilar as palavras e publicar.
É um pouco extenso mas na minha opinião tem que ser lido na sua globalidade.

Classifiquei as relações físicas em três grandes grupos.
- A relação paga
- A relação física
- O fazer amor

A relação paga

Para mim a relação paga é o acto em que um dos intervenientes paga ao outro um determinado montante para que o outro preste um serviço que tanto pode ser puramente sexual ou apenas com indício de sexo que pode ou não vir a existir.
Só falarei aqui na compra de serviços por homens a mulheres embora exista também o contrário mas não tenho conhecimentos suficientes para nisso falar.
Este tema durante uns tempos exerceu sobre mim uma curiosidade imensa por isso numa dada altura da minha vida decidi ler, ver e investigar.
Comecei pelo chamado alterne, bares ou casas em que existem mulheres que fazem companhia aos homens em troca do pagamento de bebidas adulteradas e com preços completamente estúpidos, observei o ambiente algumas vezes e fiz o papel de consumidor também.
Resumindo paga-se para se ter a ilusão que se está acompanhado que se é acarinhado, mas se se olhar friamente verifica-se que esse carinho e companhia apenas existe enquanto as bebidas forem chegando à mesa ou seja é uma troca bem desfavorável para quem paga, mas muita gente paga para ter este tipo de relação que nada dá, apenas uma ilusão de se ter algo que se deseja mas que nunca se alcança, não entendo o pensar de certos colegas homens mesmo por mais que me esforce.
Depois temos a prostituição propriamente dita em que o homem paga à mulher para ter relações sexuais.
Também depois de observar em vários ambientes verifiquei que o que leva um homem a escolher uma mulher também não tem padrão definido, pois tanto pode ser o preço, o serviço oferecido, ou alguma característica física da mulher.
Para conhecer experimentei, escolhi em termos meramente estéticos alguém que possivelmente me poderia agradar e fui, pois fui mas nada consegui fazer, pois o ouvir, despe-te, lava-te, anda, então?....
Tirou toda a vontade que pudesse existir.
Ainda tentei uma outra vez com alguém que parecia bem mais requintada e na realidade era, o ambiente era diferente, a postura também mas no fundo eram apenas um conjunto de técnicas para que eu atingisse o meu prazer o mais rapidamente possível para que a sessão terminasse rapidamente, e tal como da primeira vez nada consegui fazer.
Serei diferente? Não o sei apenas sei que este grupo para mim nada me diz

A relação física

Em primeiro lugar tenho que dar a minha definição de ralação física que poderá ser diferente de outras pessoas.
Para mim a relação física é aquela que existe entre duas pessoas apenas com o fim de desfrutarem momentos ou horas de prazer em que não existe mais nada entre elas do que a simples busca de um prazer mútuo.

Este tipo de relação implica um grande desprendimento mental relativamente aos sentimentos, ao verdadeiro sentir, pois apenas se quer satisfação física e não mental.
É como a libertação da luxúria de um modo animal, quase como o satisfazer de uma necessidade, que entre os animais significa a continuação da espécie, mas que neste caso significa a satisfação física acima de tudo.
É uma relação em que o prazer pode ser extremamente intenso, tanto de uma parte como da outra, em que se misturam todas as técnicas conhecidas e descobertas no momento, para proporcionar um máximo de prazer ao/à parceiro/a, e que ao ser proporcionado tem como moeda de troca receber na mesma quantidade e intensidade.
É uma relação que sim poderá proporcionar prazeres extraordinários mas sempre sem uma sensação de continuidade, pois mesmo que repetido com um/a mesmo/a parceiro/a tem um sabor de etapa única apenas com o fim do grito do êxtase.
Por outro lado é um tipo de relação que também permite o apurar dos modos de dar prazer a com quem se está pois as memórias de algo efectuado ficam sempre na nossa mente.
Tem as suas virtudes pois permite o descarregar de certas tensões acumuladas pois depois do esforço e do prazer físico dá uma sensação de paz e calma, mas é uma sensação apenas física, acaba por ser semelhante a uma masturbação em termos de pensamento, certas vezes precisamos e fazemos mas não nos realiza, apenas tiramos o demónio do corpo.
Por isso acho que a relação física para quem a praticar (terei que confessar que já o fiz, pois seria difícil analisar sem conhecimento de causa) é uma necessidade fisiológica e nunca uma entrega.
E sendo necessidade quem se dedicar a esta prática com regularidade nunca mais se entregará mas apenas pensará numa satisfação física.

O fazer amor

Em primeiro lugar este é um termo que sempre me fez confusão, embora entenda o significado, mas fazer algo que é um sentimento, em termos de palavras sempre me fez confusão, pois embora mais complicado, fizesse mais sentido para mim algo como, concretizar o amor, ou a expressão física do amor, mas não será esta a razão destas palavras por isso continuarei.

Fazer amor, duas palavras apenas mas que tanta tinta já fizeram e ainda vão fazer correr.
Fazer amor não é ter sexo
O sexo é uma das expressões de fazer amor
Talvez a mais intensa
Pois o fazer amor é algo que se faz de imensas maneiras
Pode ser um gesto
Uma carícia
Um toque
Uma acção
Uma palavra
Tudo isso pode ser fazer amor
Mas o lugar comum é que o fazer amor é o existir uma relação sexual entre duas pessoas que se entregam um ao outro não apenas de corpo mas também com a mente.
Então essa entrega entre dois corpos é algo de completo em que não existe uma busca de cada um por si mas uma busca dos dois numa relação completa em que o prazer atingido é a exteriorização de um sentir mútuo e não apenas uma reacção física.
É algo que quando acontece não interessa como acontece em que não interessam técnicas mas apenas como se sente, em que não são necessárias performances nem acrobacias mas que se forem sentidas aparecem sem se dar conta, como tudo pode aparecer pois quando realmente se faz amor não existem barreiras, não existem tabus, tudo acontece porque realmente se sente nada mais e nesse sentido tudo mas mesmo tudo pode acontecer se for desejado pelos dois.
Por isso o fazer amor é a entrega completa entre dois seres que atinge a sua máxima expressão na junção dos corpos num bailado avassalador ao som da entrega absoluta.

11 comentários:

Sofia disse...

Olá Mega, gostei desta tri-divisão das relações. Acrescentaria uma que é a platónica e que inevitavelmente trás desilusões a pessoas que se apaixonam assim do nada...
Beijinhos,
Sofia

Mega disse...

Sofia, a platónica teria razão de ser se fosse feita uma análise global ás relações, mas não cabe neste triptico pois a platónica não tem contacto físico e todas estas teem em comum o contacto fisico mesmo sem amor.
Mas o platónico pela sua complexidade em todos os campos é algo que merece um texto só por si.
Beijinhos

Paula disse...

Mega nunca entendi o carinho comprado... compreendo mas não entendo
Em relação as outras duas já passei por elas, já as fiz... prefiro a ultima... sou mulher de entrega.
Beijos

M. disse...

relação paga???não compreendo o termo (nisso estou com a Utena). Muda-lhe o nome, p.e serviço...

Que eu saiba quando compro pão não estabeleço uma relação...

O teu texto é quse uma tese...

Gosteu de uma frase singela: "Fazer amor não é ter sexo". Assertiva e acertada.

Sofia disse...

Mega, por onde andas? Estou com saudades dos teus textos!
Beijinhos,
Sofia

Gi disse...

Ora então,vou por a escrita em dia aqui no teu blogue...Vou começar pelos posts(?) mais antigos!Bora...

Gi disse...

Cheguei ao teu último texto...Porra andas a escrever bué,inspiração,inspiração (agora lembrei-me do J Mário Branco e não sei porquê,talvez por gostar muito dele...FMI)!)
Ó Mega porque tens este coração aqui no meio,a dizer foram feitos um para o outro...É sobre as eleições presidenciais?
E aqui do lado esta cena do emagrecer em 30 dias,isso é para mim?
E as visualizações?É o quê?As vezes em que és visto a...Mega tu filmas ou tiras fotos?Olha agora a estas horas,estás cá um perverso!
Vamos às relações,quer dizer,ao texto...
Burilar...Que palavra linda!
Tu gostas de tipificar tudo!Três tipos,a primeira não sei falar porque nunca precisei de pagar...(gargalhei)!
Continuo a gargalhar...
Passando à relação física...Dispenso tudo que não envolva sentimentos,carinho,ternura,querer bem,gostar,adorar,amar!Sou incapaz de abraçar uma pessoa,seja ela qual for,se não 'gostar' dela,é uma questão de pele,de química...E estou muito bem assim,não quero mudar...
Fazer amor isso sim,sempre com alguém que amo muito...E,num conceito mais lato,posso até fazer amor com a minha prole,basta abraçá-los!
Para ti um abraço*

Mega disse...

@ Utena

O comprado não é para se entender mesmo daí o ter tido necessidade de experimentar e poder dizer que para mim não funciona.

Beijo sem pagar

Mega disse...

@ M

Gostei muito do teu complemento, serviço sim e não relação, mas tudo tinha a ver com a trilogia.

Tu complementas bem.

Beijo complementar

Mega disse...

@ Rosinha

Como eu disse fazer amor não implica ter sexo e amor é um sentimento lato e abrangente.

Os acessórios do blog são apenas curiosidades e adoro tirar fotografias mas não aqui.

Beijo fotográfico

duality disse...

"Pois o fazer amor é algo que se faz de imensas maneiras
Pode ser um gesto
Uma carícia
Um toque
Uma acção
Uma palavra
Tudo isso pode ser fazer amor"

eish, descobri agora que a minha mãe andou a fazer amor comigo a minha vida toda o.O